Novidades e Blog | Olivia

Simonopio, a liderança e a comunicação interna

Escrito por Ariel Jimenez | 9/mai/2025 12:22:22

A importância da comunicação na liderança: mobilizar equipes com ações e visão clara

Simonopio nos ensina que a liderança e a comunicação interna vão além das palavras: são as ações que mobilizam a mudança. Descubra como inspirar equipes com uma visão clara e estratégias eficazes.

“Simonopio não precisava de palavras para se comunicar; suas ações e as abelhas falavam por ele.”

Este trecho do romance O Murmúrio das Abelhas, da mexicana Sofía Segovia, nos dá uma pista muito clara sobre as possibilidades da comunicação, destacando a ação como eixo de conexão com as pessoas — um exemplo que se aplica muito bem às organizações atuais.

Se somarmos à equação comunicacional as necessidades de transformação das empresas, reconhecemos algumas demandas visíveis. É evidente que, nos processos de transformação, mais do que palavras, são necessárias ações e comportamentos explícitos que impulsionem a mudança organizacional.

É aí que a importância da comunicação interna se torna fundamental, pois ela permite alinhar equipes, transmitir a visão da mudança e fortalecer a cultura corporativa.

Voltando a Simonopio, na história ele era um menino que não falava com as pessoas, mas conseguia alcançar seus objetivos comunicando-se de forma muito direta: com suas ações. Simonopio também tinha uma relação de irmandade com a natureza, especialmente com suas abelhas, com as quais se comunicava fluentemente.

Na história, toda a família dependia da agricultura e, devido a mudanças no ambiente, precisaram buscar novas opções de cultivo. Francisco Morales, chefe da família e padrinho de Simonopio, não encontrava novas formas de aumentar a produção de suas terras, além das tradicionais plantações de milho, trigo e cana-de-açúcar.

Um dia, Simonopio, compreendendo o problema, partiu em uma excursão pela floresta junto com suas abelhas, que foram suas guias. Depois de uma longa jornada, chegaram a uma flor de laranjeira: o azahar. De volta, trouxeram as flores e as entregaram a Francisco, que entendeu que sua terra estava pronta para receber cultivos de cítricos — e que seu afilhado e as abelhas o ajudariam nesse objetivo.

Simonopio impulsionaria a mudança no futuro de sua família, no ambiente das abelhas, no trabalho dos funcionários e na paisagem dos campos. Aqui, sem dizer isso explicitamente, fica refletida a importância da comunicação interna, já que a forma como Simonopio conseguiu transmitir sua mensagem — sem palavras — permitiu que todos os envolvidos alinhassem esforços em direção a um mesmo propósito.

Algumas lições de comunicação e liderança de Simonopio

Esta é uma história que recomendo ler, que adoça o coração com as sutilezas místicas do realismo mágico e que nos deixa reflexões profundas sobre as habilidades comunicativas de um líder:

  • Conhecer, entender e reconhecer os interesses das pessoas é importante para comunicar e liderar melhor. Simonopio conseguiu alinhar seu interesse em permanecer no campo, a necessidade das abelhas de ter flores para produzir mel e o desafio de Francisco de aumentar a produtividade de suas terras.

  • Ouvir os pontos de vista dos envolvidos. Francisco somou à sua missão a visão de Simonopio, compreendeu a relação de seu afilhado com as abelhas e com a natureza, e valorizou essa diversidade de olhares.

  • Envolver pessoas-chave na transformação. Francisco e Simonopio se encarregaram de integrar vontades e envolveram a esposa e madrinha Beatriz Morales, a família, os funcionários e outros interessados.

  • Comunicar com clareza a visão da mudança. Uma vez adotada a visão da mudança pelos envolvidos na nova empreitada, cada pessoa passou a compartilhar de forma simples e clara como seria a transformação, quais seriam os benefícios e o que se esperava de cada um.

Embora o romance tenha um desfecho trágico, com um dos interessados se revelando o antagonista, ele nos deixa reflexões muito interessantes para o mundo empresarial. Por isso, recomendo a leitura dessa joia recente da literatura mexicana.

Desafios de comunicação e liderança na transformação organizacional

As pessoas que exercem a liderança comunicativa têm a responsabilidade de guiar e impulsionar suas organizações e equipes na transformação que desejam, de responder e se antecipar às necessidades dos clientes, competir melhor no mercado e adotar e se adaptar às novas tendências.

Esse é um objetivo de liderança desafiador, pois estamos vivenciando culturas empresariais e sociais que exigem atenção a muitos assuntos simultaneamente — uma polivalência que dificulta dedicar tempo para nos comunicarmos com as pessoas e para manter o foco das equipes.

Um estudo realizado pelo Stanford Institute for Economic Policy Research, em 2022, evidenciou que os trabalhadores checam o celular, em média, pouco mais de uma vez por hora durante sua jornada de trabalho. Por sua vez, em 2021, a Microsoft conduziu uma pesquisa com cerca de 50 projetos internos e descobriu que 52% do tempo das pessoas era dedicado a tarefas operacionais de coordenação, como envio e revisão de e-mails, reuniões e chamadas — restando menos da metade do tempo para tarefas realmente produtivas.

Essa realidade tem limitado a possibilidade de uma comunicação direta e constante entre líderes e suas equipes. A Universidade da Califórnia, em Irvine, publicou recentemente que o multitasking reduz nossa eficiência em 40% — e, sem dúvida, também dificulta a comunicação.

Liderança e comunicação em tempos de hiperconectividade e multitarefa

Diante dessa realidade acelerada descrita nos parágrafos anteriores, se você ocupa um papel de liderança, mais do que nunca é essencial o seu desempenho comunicativo para mobilizar suas equipes e guiar a organização em seu processo de transformação.

A comunicação interna é fundamental para a liderança e não é uma responsabilidade que os líderes possam delegar a outros. Competir pela atenção e pelo interesse dos colaboradores hoje não é uma tarefa fácil e exige, constantemente, direção e uma visão compartilhada por aqueles que lideram as empresas e suas transformações.

Nessa batalha pela atenção e engajamento das pessoas dentro das organizações, são necessários líderes comunicativos, com ações visíveis, capazes de transmitir e ensinar os caminhos para futuros possíveis — onde tanto as pessoas quanto a organização possam alcançar seus objetivos.

Nos projetos da Olivia dos quais participei nos últimos anos, temos dedicado muita atenção para garantir que o patrocínio e a liderança nos processos de transformação e gestão da mudança sejam visíveis, ativos, inspiradores e mobilizadores.

Mas como fazer isso? Para nós, a liderança é uma avenida fundamental de transformação; acompanhamos líderes para potencializar seu papel comunicativo para além da mensagem:

- Com ações concretas que mobilizem outras pessoas.

- Com o fortalecimento das habilidades de comunicação.

- Com o desenvolvimento de um storytelling que evolua para um storydoing e que desencadeie o storyliving, materializando a mudança.

- Tornando os líderes visíveis e aproximando-os de seus colaboradores e equipes.

- Compartilhando a visão da transformação e, acima de tudo, sua experiência ao longo do processo.

- Viabilizando espaços de cocriação com grupos de interesse chave.

Como compartilhei no início, a ação comunicadora, da qual falava Joan Costa, exige o compromisso de líderes em seu papel de conectar as pessoas — a partir de seus interesses — com o propósito, as ações e os comportamentos da transformação.

Há alguns dias, neste blog, Paula Bernardoni publicou um artigo bastante revelador, no qual dizia que “80% dos líderes que leem ficção com frequência relataram sentir-se mais competentes para compreender e antecipar as necessidades emocionais de suas equipes.” Isso reforça como a literatura de ficção pode nos ajudar a pensar de forma diferente e a fortalecer competências de liderança — como fez, para este artigo, a história e o personagem de Simonopio.

 

Por Ariel Jimenez, Consultor em Gestão da Mudança, Cultura e Transformação – Olivia