Da favela para a bolsa de valores
A tecnologia é pervasiva, convergente e porque não inquietante. Está em todas as áreas da sociedade. Transformou a economia global e os hábitos dos indivíduos. Sabemos que as empresas mais valiosas do mundo hoje têm seus modelos de negócios centrados em tecnologias e as pessoas são impulsionadas a operar menos como Homo Sapiens e mais como o Homo Digitalis. Muitos negócios de base tecnológica surgem a cada dia no Brasil, entretanto, ainda é incipiente aquelas direcionados a solucionar desafios sócias. Um ponto controverso diante da realidade de um país que por exemplo que nos dias de hoje 48% ainda realiza compras no modelo “fiado” na caderneta dos pequenos comércios locais!
Indo além, segundo dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 11 milhões de brasileiros (6% da população) vivem em favelas. Um grande grupo de pessoas que precisam ter seus problemas solucionados por esses negócios do século 21. Afinal, a inovação é uma importante ferramenta para minimizar problemas sociais, e os desafios da sociedade devem estar entre os norteadores que definem políticas públicas de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Atento a este cenário convergente de necessidades sociais e oportunidade de negócios, o empreendedor Alexander Albuquerque, criou o Banco Maré. Um aplicativo que permite aos moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, pagamento de boletos, transferências e saques em caixas 24 horas. Com a plataforma também é possível consumir no comércio local, utilizando uma moeda digital, a palafita.
Hoje, a chamada fintech social está presente em mais duas comunidades do Rio de Janeiro, Rio das Pedras e Rocinha, em Heliópolis e Paraisópolis, em São Paulo, e em Arapiraca, em Alagoas.
A iniciativa gerou uma economia de mais de 80% aos moradores dessas regiões, que não precisam mais de deslocar para pagar suas contas, e aqueceu a economia local com o acesso ao comércio via criptomoeda. O Banco da Maré ganhou visibilidade na Argentina e nos EUA, países que já manifestaram interesse em investir na plataforma. Seu crescimento mostra o quanto empreendedorismo de impacto pode solucionar problemas reais da sociedade, gerando lucro e riqueza. Ao contrário do que muitos pensam, inovação social de nada tem a ver com caridade. Inovação de impacto social é transformação exponencial.
O próximo passo de Alexander é, utilizando tecnologias abertas, criar a maior plataforma de pagamento para a América Latina focada na base da pirâmide social. E ele pára por ai? Não! Entendendo um país com 31% de brasileiros empreendedores, ou seja 28 milhões de empresários, ele vai criar uma Bolsa de Valores baseada em sua criptomoeda Palafita (nome definido pelos próprios usuários) para reinvestir em projetos de impacto social.
E você? Qual a transformação que deseja fazer?
Por Reynaldo Naves, Sócio e Diretor Olivia Brasil.