Quarentenials: comportamentos e pensamentos da nova geração
Muitas vezes, nas últimas semanas, muitos de nós olhamos para nossos filhos e imaginamos como serão esses quarentenials, ou seja, a geração que teve a experiência de passar um momento de suas vidas em quarentena, no contexto de uma pandemia.
A experiência histórica mostra que eventos catastróficos, como uma pandemia ou desastres de proporções épicas, como Chernobyl, resultaram não apenas em mudanças geopolíticas, mas também em mudanças sociais e comportamentais, ou seja, elas finalmente acabaram afetando as pessoas e a sociedade.
Tentar entender o quarentenial implica começar a nos perguntar quais serão seus novos hábitos, como essa situação mudará sua estrutura de pensamento, quais serão seus eixos de decisão para as questões transcendentais da vida, o que eles valorizarão como aspectos não negociáveis de sua personalidade, como se relacionarão com a autoridade e o trabalho, como a família será transformada e o relacionamento com o ecossistema social em geral, como será o relacionamento com a tecnologia e com outros seres humanos.
Algumas dessas respostas moldarão a sociedade futura, incluindo não apenas o futuro consumidor, mas também o futuro colaborador das organizações do século XXI. A lógica para isso considera a maneira pela qual o cérebro formula suas ideias primárias,
isto é, experiências vividas, aprendendo em casa e em instituições educacionais. As emoções cruzadas em todos esses processos gerarão fortes crenças e modelos de pensamento nas pessoas.
Isso será exacerbado naqueles que estão na primeira infância, onde as estruturas básicas da personalidade estão sendo formuladas. No entanto, neste caso, a catalogação de quarentenial terá uma particularidade: não incluirá apenas uma faixa etária, mas todos nós que passamos por esse processo muito particular; isto é, incluirá finalmente vários subconjuntos de idade.
Para qualquer organização viva, seja ela pública ou privada, é de vital importância alterar o conjunto de perguntas que fazemos a nós mesmos para entender que morfologia e sistema de pensamento coletivo devemos desenvolver hoje e no futuro.
Certamente, o próprio contexto de caos e pandemia apresenta seus próprios desafios para abordar esse novo entendimento do ser humano. Muitas organizações passam por várias tensões para gerenciar a crise, entre outras coisas, porque precisam combinar o dia a dia com a necessidade de investimento de tempo, que requer começar a entender e modelar essa nova normalidade. No entanto, uma nova etapa está se aproximando, é hora de começar a se preparar para esse novo normal.
Naturalmente, já temos algumas pistas do futuro próximo. Por exemplo, consumidores que deixaram de escolher pelo "desejo” e colocam a "segurança" como um fator decisivo nas compras. Ou, colaboradores que avaliam a coerência discursiva de seus
líderes com as medidas tomadas pelas organizações em tempos de crise. Também fazem parte dessas pistas os CEOs que se perguntam por que tantos metros quadrados, percebem o controle organizacional como mito e enxergam a proximidade como o único caminho para a eficácia. Tudo isso impulsionará mudanças sem precedentes na história da transformação do mundo do trabalho.
Para tirar proveito das oportunidades ou diferenciais que se abrirão nesse contexto, é vital dedicar tempo e esforço para entender as mudanças no comportamento e no sistema de pensamento, a fim de agregar algum valor à sociedade. Nessa base conceitual, as empresas serão capazes de refinar e redefinir suas visões e planos estratégicos de uma maneira verdadeiramente centrada nas pessoas.
Bem-vindo à nova era dos quarentenials.