Em um ambiente cada vez mais competitivo e regulamentado, as empresas farmacêuticas enfrentam o desafio de implementar a Inteligência Artificial (IA) de forma eficaz, garantindo que ela não apenas otimize a eficiência, mas também promova a inovação no desenvolvimento de novos tratamentos.
Em uma entrevista exclusiva ao Salud35, Óscar Velasco, sócio-gerente e consultor de transformação digital da Olivia, uma empresa de consultoria especializada em ajudar as organizações a se adaptarem às mudanças, explica como integrar a inteligência artificial em seus processos de P&D, adaptar-se às regulamentações emergentes e promover uma cultura organizacional que veja a IA como uma ferramenta aliada para acelerar a comercialização de tratamentos e impulsionar a inovação em áreas críticas, como oncologia e neurologia.
Como as empresas farmacêuticas podem garantir que a implementação da IA em seus processos de P&D seja eficaz e contribua para a inovação em áreas críticas, como oncologia e neurologia?
Do meu ponto de vista, o primeiro passo é incorporar a IA à organização, o que exige uma mudança de mentalidade. É fundamental gerenciar a mudança para que os funcionários vejam a IA como uma aliada e não como uma ameaça. A facilidade com que isso será alcançado dependerá da cultura organizacional da empresa. Outro ponto relevante é a adaptação às regulamentações de IA, que ainda estão evoluindo e podem atrasar ou acelerar o processo.
A primeira lei europeia de IA já foi lançada e será continuamente alterada. As empresas farmacêuticas terão que navegar entre regulamentações às vezes contraditórias devido à sua natureza multinacional; a cooperação é crucial; a IA precisa de dados, portanto, o compartilhamento de pesquisas e informações entre concorrentes pode acelerar o progresso e fazer a diferença para a humanidade.
De acordo com especialistas, não se espera que a incorporação da IA gere mais medicamentos, mas ela pode acelerar a comercialização de tratamentos. Você concorda com essa situação?
Embora eu não seja especialista no setor farmacêutico, acredito que seja viável acelerar os tempos médios e desenvolver novos medicamentos com base em vários fatores. Primeiro, o poder de processamento da IA, que nos permite executar várias simulações sobre o impacto dos tratamentos. Como o desenvolvimento de medicamentos exige o processamento de uma grande quantidade de dados, a IA pode acelerar esse processo e prever o sucesso do medicamento.
Quanto melhor for o modelo e quanto mais dados forem usados, mais rapidamente o tempo para lançar novos tratamentos será reduzido de forma significativa. O mais importante é que, à medida que o tempo médio de lançamento diminui, o custo de comercialização também deve diminuir, beneficiando assim o paciente final e tornando acessíveis muitos medicamentos que antes eram inacessíveis para a maioria da população mundial.
Por Óscar Velasco, sócio da Olivia.