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Como romper os limites do maniqueísmo organizacional | Olivia

Escrito por Oscar Velasco | 5/ago/2024 14:45:32

Outro dia, uma colega me disse que não se atrevia a propor uma ideia dentro da empresa porque poderia dar errado, e essa conversa me fez refletir sobre como o conceito de bem e mal impacta nossas organizações.

No mundo empresarial vertiginoso, os diretores enfrentam desafios constantes que exigem respostas ágeis e criativas. No entanto, muitas empresas se encontram presas em uma armadilha sutil, mas devastadora: o maniqueísmo organizacional.

Uma visão empresarial que só sabe se projetar entre o “bem” e o “mal”. Esse fenômeno, caracterizado por uma visão extremista das decisões como absolutamente corretas ou absolutamente incorretas, gera uma série de consequências que podem sabotar o sucesso e a evolução de uma empresa.

O maniqueísmo organizacional cria uma cultura rígida onde a dissidência e as novas ideias são vistas com desconfiança. Essa mentalidade dicotômica entre o bom (a luz) e o mau (a escuridão) promove o conformismo e desencoraja a inovação, levando os funcionários a seguir mapas preestabelecidos e a temer cometer erros.

Em um ambiente assim, o pensamento criativo estagna e a capacidade da empresa de responder às mudanças do mercado diminui drasticamente. Pior ainda, o germe daquilo que Schumpeter deixou como mandato para todo empresário e empresária morre: o desejo de inovar, de se desafiar e de se reinventar.

Segundo um estudo da McKinsey, as organizações que fomentam uma cultura de abertura e adaptabilidade têm 1,5 vezes mais chances de experimentar um crescimento sustentado em receita. Não é difícil entender por quê. Em uma cultura que valoriza a diversidade de pensamento, os funcionários se sentem capacitados para propor novas ideias e soluções, o que pode levar a inovações disruptivas e adaptações ágeis.

Um aspecto crítico do maniqueísmo organizacional é o viés inerente em quem toma decisões sobre o que é certo e o que é errado. Os julgamentos dos líderes são inevitavelmente influenciados por suas próprias experiências, valores e preconceitos. Esse viés pode levar à perpetuação de práticas obsoletas e à exclusão de novas ideias que não se alinham com a visão estabelecida.

Isso não só limita o crescimento, como também pode levar a uma falta de diversidade no pensamento estratégico, afetando a capacidade da organização de inovar. Um relatório da Harvard Business Review destaca que as empresas com equipes de liderança diversas e com múltiplas perspectivas têm 70% mais chances de capturar novos mercados.

Estratégias para romper o ciclo do maniqueísmo

Para superar o maniqueísmo organizacional, é essencial que os líderes das empresas promovam uma cultura de aprendizado contínuo e abertura à mudança. Algumas estratégias que podem ajudar são:

  • Fomentar a diversidade de pensamento: Incluir diferentes vozes no processo de tomada de decisões pode ajudar a mitigar os vieses. Isso inclui não apenas a diversidade demográfica, mas também a diversidade de opiniões e experiências profissionais.
  • Valorizar o erro como parte do processo de aprendizado: Adotar uma mentalidade de crescimento que veja o erro como uma oportunidade de aprender e melhorar, em vez de um fracasso, pode transformar radicalmente a cultura organizacional.
  • Promover um ambiente de feedback aberto: Criar canais onde os funcionários se sintam confortáveis para dar e receber feedback pode melhorar a comunicação e a colaboração dentro da organização.
  • Acompanhar os líderes: Precisamos convidá-los a sair de sua zona de conforto, a abandonar essa facilidade de rotular bom ou mau de forma pouco reflexiva.

O maniqueísmo organizacional é um inimigo silencioso da adaptabilidade e da inovação. Para abordá-lo e superá-lo, os diretores devem estar dispostos a examinar seus próprios vieses e a fomentar uma cultura de abertura e aprendizado contínuo. Só assim as organizações poderão desenvolver a agilidade necessária para prosperar em um ambiente empresarial em constante mudança. Vamos refletir sobre nossos vieses e práticas organizacionais e tomar medidas proativas para criar uma cultura resiliente e adaptável.

 

Por Óscar Velasco, sócio da Olivia.