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Por que Elon Musk decidiu criar a Tesla há 20 anos para transformar a indústria automobilística e apostar na eletrificação dos motores, deixando para trás os motores a combustão? Por que Richard Branson criou a Virgin Galactic para desenvolver o turismo espacial? Por que Sam Altman se dedicou a criar e desenvolver a OpenAI, apostando na Inteligência Artificial?

Além das razões profundas ou mundanas que cada um deles possa ter, há uma característica que os coloca no mesmo grupo de indivíduos. Seja por dinheiro ou pela sustentabilidade global, todos eles consideram que o futuro não é simplesmente a continuidade do presente.

E é aqui que podemos classificar os líderes das empresas que habitam este planeta, e, portanto, suas empresas, em dois grandes grupos. Aquelas que vivem exclusivamente no presente e aquelas que flertam com o futuro.

As empresas pertencentes ao primeiro grupo costumam ser muito endogâmicas e se veem como o epicentro de seu ambiente. Essas empresas decidem olhar de vez em quando o que acontece ao seu redor (com sorte!).

Por outro lado, as empresas que pertencem ao segundo grupo geralmente têm uma mentalidade que lhes permite projetar e aplicar estratégias, processos e metodologias que tentam prever o que o futuro reserva.

No entanto, isso não tem nada a ver com a futurologia. Essas empresas apenas buscam entender os possíveis e alternativos cenários futuros com base nos eventos que sutilmente nos são antecipados pelo presente e tentam se preparar para esses cenários.

"Os estudos de futuro auxiliam instituições e indivíduos a visualizar, projetar e avançar em direção a futuros desejados, em vez de aceitar passivamente o que 'será'", destacou Jim Dator, diretor do Centro de Pesquisa do Havaí para Estudos de Futuros da Universidade do Havaí.

Mas por que, como empresas, temos dificuldade em desenvolver essa capacidade? Geralmente, tentamos fazer o que intuitivamente parece certo. Crescemos, adicionamos processos, áreas de negócios, equipes e pessoas. Fazemos isso - ou acreditamos que fazemos - bem. Chega um ponto em que paramos de nos concentrar exclusivamente em nós mesmos para observar o que a concorrência está fazendo, as inovações tecnológicas em desenvolvimento, o que está acontecendo em outros países e como a sociedade está mudando. Quando vemos esse novo panorama, reconhecemos que algo mudou desde a última vez que olhamos. Nos deparamos com o que chamamos de tendências.

Quando algo acontece repetidamente ao longo do tempo, essa moda pode começar a ser catalogada como tendência. O que significa que, na realidade, ao observar as tendências, estamos vendo o passado, não o futuro.

Os sinais que o futuro nos envia

A chave do foresighting ou do design de cenários futuros não está nas tendências atuais, mas no momento em que essas tendências serão quebradas. Não sabemos quando, não sabemos quem, nem qual será a nova tendência que a substituirá.

No entanto, os sinais que vemos no presente nos darão uma pista dos potenciais futuros que provavelmente teremos que enfrentar. E assim criar um quadro onde as empresas podem direcionar seus esforços e recursos para inovar, mudar e se adaptar.

No entanto, nossa capacidade normalmente não nos permite ver os pontos de inflexão que surgem no caminho. Como disse Emmett Brown, o personagem científico de "De Volta para o Futuro", temos que identificar os pontos de inflexão que quebram a continuidade do tempo: o futuro não é a continuidade do presente.

Por exemplo, independentemente do tamanho da empresa, não podemos ignorar nosso interesse em entender a necessidade do cliente. Eles são os primeiros "mensageiros" desses pontos de inflexão que definem o cenário futuro. Se passar muito tempo sem que olhemos para eles, provavelmente o valor que poderemos agregar começará a perder sentido.

E, no pior dos casos, nos tornaremos vendedores de guias telefônicas no século XXI.

O futuro nunca chega, estaremos sempre correndo atrás dele, mas com uma série de modelos e metodologias, hoje temos a capacidade de compreender o que nos reserva e tomar medidas a respeito.

Pelo menos, desenvolver as capacidades que esse futuro precisa e não apenas sobreviver, mas triunfar em um mundo completamente diferente do que vivemos hoje.

Por Gabriel Weinstein, Sócio e Managing Partner da Olivia para a Europa 

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