Em nossas publicações sobre Twin Transition, viemos refletindo sobre como as organizações podem embarcar em uma viagem de transformação dupla - a revolução digital a serviço da sustentabilidade e a ecológica como gênese indispensável da anterior - para proporcionar valor e benefícios reais perante o desafio de cuidar do futuro de nossa sociedade. O duplo sentido sincronizado garantirá um desenvolvimento mais perdurável, democrático, eficiente e lucrativo. Hoje nos deteremos na liderança como uma das grandes chaves.
Nas entregas anteriores, “Os Supergêmeos” e “Show me the Money” nos aproximaram da análise que estamos desenvolvendo do assunto. Mas não costumamos ser vintage o tempo todo, e ao ver o filme vencedor do último OSCAR, não pudemos evitar conectarmos mais uma vez, com a transição gêmea. Embora não vamos discutir agora o merecimento do prêmio, “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”, é uma grande demonstração conceitual de como através de uma rede de redes (digital, temporal, espacial, de universos, de pessoas) se pode conciliar com o caos e com os males do mundo comuns a todos, para conseguir certo triunfo e ordem.
No filme, quando uma ruptura dimensional altera a realidade, Evelyn, a protagonista se enreda em uma aventura global na qual supostamente, apenas ela pode salvar o mundo. Mas, perdida no infinito do multiverso, deverá canalizar seus novos poderes para lutar para salvar o seu mundo e o planeta completo, enquanto equaliza e compartilha a liderança do assunto com outros personagens. Tudo ao mesmo tempo.
Esta última reflexão me recordou que em inovação organizacional falamos muitas vezes de maturidade para inovar, liderando o caos, e de ambientes que favorecem mais do que outros a geração de melhores ideias; entendendo melhores por mais úteis, e úteis por mais efetivas, eficientes e sustentáveis. Esses ambientes costumam ser estruturas que, com o foco em construir propósito fora da formalização das relações possam distribuir a tomada de decisões da forma mais horizontal possível, adaptando-se às circunstâncias internas e externas à organização.
Por que, mais uma vez, trazemos a inovação ao âmbito da transformação gêmea? Não é só porque, tal como pregam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), é na inovação onde encontraremos aceleradores que diminuam o gap entre o hoje e uma transição, e porque a liderança conectiva – caminha junto com ações que as companhias podem aproveitar para inspirar e promover esta mudança gêmea.
Liderança que vincula
Sempre que falarmos de liderar e, principalmente no marco da Twin Transition, nos detemos em uma visão da liderança que vai muito além da visão que conhecemos: cadeia de valor, ecossistema, mundo. Quer dizer que quando mencionarmos liderar, poderemos estar nos referindo tanto a liderar pessoas, quanto projetos, temas, transformações, países. Desta maneira, como "líder" poderemos nos referir a pessoas líderes, equipes líderes, empresas líderes, países líderes, entre outras variáveis.
A liderança conectiva manifesta que quem liderar em rede não será fixo e não poderá fazer isso de fora dessa rede, mas deverá pertencer, tomar a distribuição da palavra e a reunião de vozes diversas, de dentro, do interior do ecossistema seja qual for. Não é quem mais fala nem quem mais sabe, mas quem mais escuta: essa é a sua ferramenta para a conexão.
Liderar a transição gêmea
Depois da análise de diferentes estudos e artigos realizados pelo Fórum Econômico Mundial, pesquisadores como Sonia Abadi e Henry Mintzberg, e outras consultoras; gostaríamos de conectar mais uma vez dois elementos simultaneamente e em retroalimentação: a liderança conectiva com uma possível liderança para a transição gêmea.
Para criar uma estratégia próspera de transição gêmea, existem três fases: 1)estabelecer a ambição, criar um mapa visual inspirador do objetivo, um roteiro claro; 2)selecionar oportunidades, priorizar segundo a análise de impacto e identificar partes interessadas dentro e fora desse mapa; e 3)preparar a execução, guiar uma implementação efetiva para melhorar a oferta digital em prol de reduzir o impacto ambiental.
Não é por acaso que definir, inspirar, discernir e guiar sejam verbos associados à liderança organizacional. E nesse sentido vamos a um nível mais de profundidade, listando as seguintes ações como ponto de partida para impulsionar e liderar a mudança que Twin Transition significa:
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Estabelecer a direção, marcar um norte estabelecendo objetivos que integrem as mudanças no planejamento estratégico da organização. Identificar e mostrar modelos de negócio baseados no sustentável, impulsionados pela tecnologia.
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Começar, que não fique em algo que devemos fazer, mas que com o exemplo nós estamos fazendo: investimos dinheiro, tempo e práticas sustentáveis desde o princípio. A economia circular oferece oportunidades no próprio negócio da Twin Transition.
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Ver o valor comercial dos esforços tecnológicos e sustentáveis, avaliar resultados e iterar, para eficientizar também os esforços
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Estudar o impacto e ir profundo a toda a organização, avaliar internamente, somar KPIs qualitativos ou que se distingam dos financeiros para potencializar o nível de awareness de todos.
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Conseguir escala, aumentar a inovação para evoluir as tecnologias, escolher trabalhar com fornecedores e outros sócios-chave que tenham também a sustentabilidade no centro.
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Sustentar a transformação, incentivar a responsabilidade neste sentido, promover práticas internas (menos resíduos, mais vida útil de aparelhos, mais incentivo à sustentabilidade digital, etc.), aproveitar apoio econômico de terceiros para projetos digitais serem “alavanca” do que vem a seguir.
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Modelar outros líderes, incentivar o talento tecnológico e transferir como mentores todas aquelas capacidades adquiridas na experiência de transformação.
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E como conectamos os pontos anteriores com a Liderança da inovação? É a possibilidade que ativa a inteligência conectiva, permite que os humanos se pensem e se projetem em rede consigo mesmos e com o universo ao seu redor, alcançando um resultado de alto valor coletivo.
Suas principais características - desenvolvidas com mais detalhe junto com as de mindset sustentável no sso, são complementarmente potencializadoras das ações para liderar a transição gêmea que acabamos de listar, e são as seguintes: estuda o futuro, seus sinais e tendências; estuda o contexto, as diferentes realidades para desenvolver assim as melhores experiências; se desenvolve com proximidade e empatia, une pontos, facilitando as melhores combinações; prioriza a qualidade das relações, acima da exigência excessiva do conhecimento; gerencia as emoções sem falar mais do que escuta sustentando espaços de confiança que habilitem a geração das ideias mais “loucas”, sem medo; se adapta constantemente de forma versátil, deixando capacidade instalada em outros líderes atuais ou potenciais.
Por último, existe mais um verbo que associamos a qualquer tipo ou forma de líder e que neste caso será primordial. Nesta transição temos que nos propor “contagiar” outras pessoas ou grupos de pessoas, em qualquer escala. Como Evelyn, nossa heroína escolhida com seus poderes em todos os universos paralelos, teremos que gerar ao efeito “derramamento”, chegar a diferentes aliados, patrocinadores ou embaixadores que levem a mensagem, as aprendizagens, as práticas e invistam no assunto muito além e rápido. Que possam explicar a transição gêmea em outros pontos da rede e em outras redes, diretamente como uma mudança cultural global. Este é o convite que nós fazemos, para continuar transformando o mundo, organização por organização.
Por Paula Benardoni, especialista em Inovação da OLIVIA