A corrida pela transformaçãona indústria farmacêutica
A corrida pela transformação na indústria farmacêutica
Quem teria imaginado, há10 anos atrás, que o que estava criando Satoshi Nakamoto terminaria mudando uma indústria para sempre?
A indústria financeira, com seus altos e baixos, tem se mantido como uma das indústrias mais rentáveis do mundo durante cem anos. Organizações enormes, robustas e parcialmente previsíveis, alcançando rendas invejáveis por qualquer outra empresa. No entanto, a criação de blockchain abriu uma porta que nunca mais se fecharia, dando-lhe ao mundo a possibilidade de criar novas soluções a velhos problemas. E é assim que empreendedores com boas idéias e a coragem para levá-las adiante começaram a emergir. A partir do momento em que Bitcoin apareceu em nossas vidas, a indústria financeira: começou a ter o sentido de urgência que nunca havia tido antes, algo que estava mudando e o funcionamento normal corria perigo de ser drasticamente alterado. Habitualmente, a janela do tempo que têm os empreendedores para tirar vantagem sobre as grandes empresas, é diretamente proporcional à agilidade que estas últimas têm de adaptar-se, de criar novos modelos e de mudar seu mindset.
Hoje, 10 anos depois, podemos dizer que provavelmente todos os bancos do planeta ou estão planejando ou já começaram um processo de transformação e, na maioria dos casos, para um modelo digital. Isto quer dizer que, além algumas grandes idéias terminarem se convertendo em grandes empreendimentos, o que realmente os empreenderores conseguiram, foi gerar uma concorrência feroz entre os grandes bancos por chegar primeiro e melhor. Quando acontece uma mudança cultural dessa magnitude, não estamos falando de um fenômeno isolado e sim que se parece muito mais a uma mudança de era. Isso significa que a transformação digital não afetará somente a uma indústria e sim que afetará a todas (como fez a eletricidade ou a internet). Embora alguns expertos não opinem o mesmo, também chegou a vez da indústria farmacéutica. Uma indústria que tem expressivas semelhanças com a financeira, especialmente pelo tamanho de seus jogadores e pelas altas regularizações que as caracterizam.
De qualquer forma, as empresas farmacêuticas já estabelecidas, possuem uma visível vantagem em relação aos bancos: considerando os longos tempos de desenvolvimento de novos produtos, o elevado conhecimento específico com o que se deva contar e demais fatores, fazem com que seja altamente improvável que apareça um empreendedor ou jogador de outra indústria que possa interromper o mercado “da noite pro dia”. E aqui é onde se radica a principal razão pela qual estas empresas referidas não têm esse sentido de urgência que hoje os bancos têm. Visto que aparentemente sabem muito bem com quem estão concorrendo, quais são fortalezas, suas fraquezas e até estão por dentro de suas intenções e planos.
Apesar desta realidade, não estão totalmente distantes do fato de que qualquer um desses concorrentes podem mudar as regras do jogo que estão habituados a jogar, só que será de forma mais paulatina. Não se trata de interromper ou morrer como se dá em outros casos, se trata de conseguir ser número 1 (crescendo de forma exponencial) ou começar a ser testemunhos da queda em sua rentabilidade.
A transformação digital também chegou à indústria farmacêutica e a coisa começa a acelerar-se. Já não é admissível que uma organização não conheça seus clientes, não trabalhe com novos modelos de negócios ou não consiga mover-se com a agilidade que este mundo exige. Todos sabem que quem chega primeiro, fará a diferença. No entanto, alguns estão correndo e outros agora estão começando a trotar. Todos são conscientes que têm o capital para conseguir essa transformação, mas nem todos acreditam que essa é a melhor aposta. Todos estão acostumados a encarar projetos de longa duração (obviamente… fabricam medicamentos), no entanto, poucos conseguem concluir que uma transformação digital é na verdade, uma transformação cultural. Desses poucos, somente alguns compreenderam que precisam dos conhecimentos, ferramentas, metodologias e talento necessários para encarar um processo destas características, porque a tecnologia, depois de tudo, é somente um dos meios para conseguir a transformação, não um fim.
Por Gabriel Weinstein, sócio e diretor de inovação de OLIVIA