Transformação em tempos de agilidade

Começamos este diálogo em nosso blog, para falar sobre a transformação que se está vivendo nas organizações a caminho da agilidade. Este primeiro capítulo é o MVP (amostra viável) de uma série de artigos que visam sensibilizar a respeito destes temas, trazendo  nosso olhar a partir de suas práxis. Veremos os primeiros conceitos da agilidade, aprofundando-nos em cultura e liderança.

Hoje começa uma aventura ágil de escrita que conta com três capítulos iniciais e um fina

l ainda não determinado. As únicas certezas são as que veremos artigo por artigo

 

Capítulo 1: Agilidade em um mundo complexo

A agilidade é uma das tendências mais marcantes dentro das organizações de hoje. Como se fosse um trending topic, a palavra aparece em grandes revistas e é repetida em todos as camadas das organizações, sendo algo almejado no dia a dia. Às vezes, com mais branding que sustento. É um caminho que vale a pena começar a desarmar e compreender.

Segundo a revista Forbes, em uma pesquisa com mais de 500 executivos de nível mundial, apenas 27% das organizações consideram-se com altos níveis de adoção de processos de agilidade. 50% considera que o desafio para uma maior adoção de processos de agilidade se encontra em processos culturais e apenas 25% considera que sua cultura atual é uma facilitadora de processos.

A mesma pesquisa menciona que organizações que consideram ter altos níveis de adoção de processos de agilidade, encontram acréscimo em seus lucros e relacionam a agilidade com uma chegada mais rápida aos mercados, uma tomada de decisões mais ágil e melhor resposta às expectativas dos clientes/ consumidores. Por outro lado, a Prosci (líder de mercado em soluções de gestão de mudança), em uma pesquisa sobre que tipos de projeto estavam relacionados à agilidade, encontra uma forte tendência em implementações tecnológicas.

Os números determinam o caminho, onde trabalhar a cultura e como acompanhar estes processos de adoção de agilidade (atualmente, em sua maioria, alavancados em implementações tecnológicas), são os drivers de mudança rumo a uma organização ágil.

 

A que nos referimos quando falamos de agilidade?

Um dos grandes desafios que encontramos atualmente nas organizações é a adaptação aos contextos mutáveis que impactam de forma direta nos negócios e na forma de realizar processos. No mundo VICA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) o imediato começa a chamar a atenção de nossos clientes.

As organizações começam a ter demandas maiores por  adaptação e mais velocidade para capturar o valor de seus projetos. Os prazos, cada vez mais curtos, e o feedback inicial de nossos clientes são cada vez mais cruciais.

A necessidade de transformação associada à rápida inovação e a capacidade de estar próximo das necessidades de nosso cliente/consumidores/colaboradores, reagindo a curto prazo a suas necessidades em prioridades estratégicas. Implementar estratégias que acompanhem as respostas a estes públicos, pode melhorar as experiências de todos nossos públicos organizacionais.

Uma das respostas no mercado a esta problemática se chama agilidade. Em uma pesquisa realizada por Deloitte em 2017, 79% dos executivos priorizava agile performance management, como uma das principais prioridades organizacionais.

 

Mas o que encontramos por trás de agilidade?

A agilidade é um framework (um conjunto de conceitos, práticas e critérios para enfocar um tipo de problemática particular que serve como referência, para enfrentar e resolver problemas), com um mindset que adapta a forma de trabalho às condições, conseguindo flexibilidade e imediatismo na resposta para moldar-se às necessidades mutáveis e específicas de seu entorno.

Esta abordagem é, particularmente, produtiva em contextos complexos, baseados em Cynefin, caracterizados por não contar com uma relação causa e efeito para a tomada de decisões. Não contamos com as “melhores práticas de mercado” ou “boas práticas trazidas por experts” e sim com a coincidência entre a ação e resultado, que pode ser vista em retrospectiva e os padrões vão surgindo através das decisões que tomamos na busca de uma solução. Os enfoques ágeis são empíricos, buscam refinar hipóteses de trabalho a partir das práxis e os testes iniciais de produtos/serviços. Construídos por camadas (uma amostra viável de evolução), permitem administrar projetos de forma flexível, autônoma e reduzem os custos, incrementando sua produtividade.

 

Em outras palavras, a agilidade é: 

… um convite à ação, é uma estrutura de trabalho que procura experienciar e aplicar, de forma inicial, as mudanças necessárias para adaptação. Não existe melhor forma de saber se algo vai funcionar ou não do que prová-lo com nossos clientes/consumidores/empregados. Quanto mais rápido tomamos consciência de um erro, custará dinheiro e mais rápido poderemos corrigir nossas ações.

… um processo de melhoria contínua. Assumem-se os erros enquanto algo natural e um espaço de crescimento para aportar valor à empresa onde o cliente é parte integral do processo.

… um framework, não uma metodologia, que através da ação, nos permite navegar em águas onde o caminho não é claro e é armado através de aprendizagens ao caminhar.

Para acompanhar estes processos de informação, um dos primeiros passos é um desenvolvimento de um mindset ágil na organização. A mudança começa com a consciência e o alinhamento estratégico de qual é o caminho a se seguir. O vínculo da agilidade, com o propósito e os valores culturais, é um dos fatores críticos para dar vida a estas iniciativas. A partir disto começará a ser armado o portfólio de projetos, que será encarregado de ser o motor da mudança.  Este primeiro grupo de pessoas otimizam e define a direção, desenvolvendo habilidades que permitirão cristalizar estas mudanças, dando-lhes recursos que apoiem o processo de mudança. Finalmente, liderar agilidade sendo ágil é outro dos fatores de sucesso. Isto implica que as equipes de trabalho sejam dirigidas de maneira ágil e os líderes sejam porta-vozes da mudança, como uma prova viva do funcionamento da célula. Neste cenário, baseado em pesquisas de Prosci, a gestão da mudança também se transforma em algo interativo, onde os planos viram documentos vivos sendo preciso estar cada vez mais adiante das necessidades. Para isso, as metodologias têm que adaptar-se, para poder ser facilitadores destas mudanças. A evolução tende a trabalhar bastante sobre os insights e criando experimentos que permitam pôr à prova as hipóteses de intervenção a curto prazo. Desta forma, ter feedbacks iniciais das pessoas atingidas por essas mudanças e continuar iterando nos caminhos para a transformação, alinhando estratégia e execução de maneira constante.

Para transitar por este caminho, as organizações contam com vários desafios que iremos trabalhando ao longo dos próximos capítulos.

–  Cultura: forma na que fazemos as coisas. As organizações ágeis caracterizam-se por lideranças direcionadas ao serviço, onde o líder é um facilitador dentro da organização. A concepção do erro é o pontapé inicial da aprendizagem. E para que isto sustente-se, a transparência é um fator decisivo para concretizar estes desafios.

–  Arquitetura: a agilidade dá autonomia às pessoas no desenvolvimento das soluções e conta com células que possuem autonomia, eliminando as linhas hierárquicas ao longo da organização. A colaboração cross é um fator fundamental dentro destes processos.

– Produtos e Serviços: foco em obter feedback inicial da experiência do cliente para reagir de uma forma ágil e certeira à suas necessidades. Colocar a prova protótipos e lançamentos de amostras viáveis, são alguns dos artefatos que se utilizam para obter estes planejados.

– Visão de negócio e estratégia: estratégias adaptativas que trabalham sobre os emergentes de forma veloz são os diferenciais das organizações de hoje. As organizações que não conseguem gerar estes movimentos estratégicos podem ficar obsoletas em pouco tempo.

A agilidade surge como uma forma de trabalhar em entornos onde temos que mover-nos com pouca visibilidade, onde a ação, a experimentação e a validação de hipóteses de trabalho são os faróis que permitem trazer luz ao caminho. É um enfoque centrado nas pessoas, que atuam como catalisadoras  dos desenvolvimentos e aprendizagens.

No próximo capítulo, falaremos sobre como é a cultura de uma empresa ágil e os principais desafios na hora de transitar para a transformação.

Por Guido Olodmuzski, Gerente de Transformação Cultural da Olivia

Fontes:

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