Estudo revela que as empresas brasileiras não têm maturidade suficiente para inovar

Estudo revela que as empresas brasileiras não têm maturidade suficiente para inovar

Escrito por
Reynaldo Naves

Sócio na Olivia Brasil

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A dinâmica atual dos negócios aliada ao avanço e a convergência de diversas tecnologias impulsionam as organizações para a necessidade constante de inovar. Porém, a maioria das empresas ainda estão distantes de ter uma cultura voltada à inovação. Um estudo realizado pela ACE Cortex, sobre Corporate Venture Building, com o objetivo de mapear a transformação de novos negócios e serviços, revelou que apenas 23,2% das organizações brasileiras contam com líderes que admitem praticar a inovação.

A pesquisa foi realizada com mais de 200 executivos, com cargos de C-Levels e diretores, e revelou que entre os principais entraves para a inovação estão o desenho de uma estratégia geral (31,4%) e a falta de capacitação dos colaboradores para atuarem com inovação (17,6%). Entre as empresas que não praticam a inovação, a baixa ou média maturidade para atuar com o tema foi indicada por 79,2% delas.

As organizações seguirão sujeitas a entornos que mudam o tempo todo, desafiando a sobrevivência dos negócios. Em razão disso, a necessidade de ser responsável pelos cenários futuros se tornou ainda mais vital, de acordo com Reynaldo Naves, sócio e Managing Partner da Olivia Brasil - consultoria especializada em processos de transformação organizacional, com foco em pessoas. Para o especialista, as mudanças de hábitos sociais, a transformação digital, além da “ausência” de limites e fronteiras de negócios, os ecossistemas,  aceleram ainda mais essas mudanças, que impactam diretamente no cotidiano das organizações.

“As experiências do passado não garantem o sucesso no futuro. Essa é uma das razões pelas quais muitas empresas encerram suas atividades ao longo dos anos, pois o mundo muda constantemente, assim como as pessoas, seu comportamento, as formas de nos relacionarmos e consumirmos, além dos nossos gostos e preferências. Isto nos obriga a antecipação e a tomadas de decisão ágeis, a deixarmos de olhar somente a tendência do presente para começarmos a identificar sinais que marquem o caminho, com o objetivo de projetarmos cenários e assim nos adiantarmos ao que possa acontecer ou não, no futuro”, comenta Naves.

Mas manter a chama da inovação acesa dentro das organizações é um grande desafio, já que a cultura de inovar deve permear as empresas que desejam não apenas sobreviver, mas também crescer. “Acreditamos que as companhias nas quais a inovação esteja imersa em sua cultura e na forma de fazer as coisas estarão melhor preparadas para desafiar-se e nutrir-se das possibilidades que a mudança traz consigo”, prevê o sócio e Managing Partner da Olivia Brasil.

Realizar o alinhamento dessa mentalidade entre todos os colaboradores não é uma tarefa fácil, razão pela qual o envolvimento dos líderes nesse processo é indispensável, já que os projetos precisam de um “patrocínio” e a inovação deve ser guiada, pois as iniciativas devem estar alinhadas com o plano estratégico da organização. “Os gestores devem se envolver nos projetos por meio de perguntas, incentivos e conduzir a execução deles, pois dessa forma as práticas inovadoras serão estimuladas dentro de suas empresas”, explica Naves. O especialista sinaliza que admitir o erro, aprender e corrigir rápido, é uma característica imprescindível para quem está liderando um projeto de inovação.

O alinhamento de estratégia com a cultura também é uma das maiores dificuldades das organizações brasileiras envolvendo esse assunto. “Peter Drucker já dizia que a cultura come a estratégia de café da manhã. O desafio é maior quando queremos fazer de nossa organização uma entidade inovadora, porque neste caso a inovação deve sair do plano puramente discursivo e ser levada à ação”, comenta Naves.

O especialista lista alguns passos para que esse alinhamento seja bem-sucedido: é necessário o compartilhamento da visão comum e o propósito da inovação. Isso movimenta a organização e cria o impulso para fazer coisas novas, redefinir constantemente o que é valioso para o cliente, questionar, assumir e administrar erros naturais do processo, ter agilidade na detecção de oportunidades, além do verdadeiro desejo de inovar. Ele sinaliza que esse processo não é nada fácil, mas quem não começou, já está atrasado, inclusive porque muitos investimentos podem ser “comidos no café da manhã”.

Por Reynaldo Naves, sócio OLIVIA Brasil

Esta é uma transcrição de Gazeta Do Povo
Leia a nota original aqui AQUI

 

 
   

 

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